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Sagot :
Para Durkheim, há dois tipos de solidariedade: a mecânica e a orgânica. A solidariedade de tipo mecânica não liga apenas o indivíduo ao grupo, mas harmoniza os pormenores dessa conexão, pois é a semelhança entre os indivíduos que gera o vínculo social. A divisão social do trabalho, nesse caso, é pequena ou inexiste simplesmente. Há uma identidade entre as consciências individual e a coletiva, isto é, a identidade social se dá porque os homens são semelhantes entre si. Como exemplo, temos as sociedades “primitivas”. É importante ressaltar que o direito na solidariedade mecânica é repressivo. Serve para manter a coesão social, pois qualquer ação errônea vai contra a consciência coletiva e exige a aplicação de uma pena para reforçar essa consciência.Já a solidariedade orgânica é aquela que resulta de uma alta divisão social do trabalho (DST), na qual o grande número de especialistas faz com que haja uma interdependência social, ou seja, é a diferença entre os indivíduos que faz com que haja o vínculo social. Em razão da intensa DST, há o predomínio da consciência individual, sendo que cada indivíduo tem uma esfera própria de ação, uma personalidade que na consciência coletiva exerce uma coesão mais intensa, pois os indivíduos dependem mais uns dos outros. Nessa forma de solidariedade, os indivíduos estão agrupados não mais segundo as relações de descendência, mas segundo a natureza particular da atividade social que exercem. Temos como exemplo a sociedade capitalista. O direito nessa solidariedade é restitutivo ou cooperativo, em que as ações ferem a uns indivíduos e não a outros. Esse tipo de direito pretende fazer com que o indivíduo esteja apto ao retorno à vida em sociedade.
Em sua compreensão, o que ele chamou de solidariedade mecânica
imperou na história de todas as sociedades anteriores ao advento da Revolução
Industrial e do capitalismo. Nelas, os códigos de identificação social dos
indivíduos eram diretos e se davam por meio dos laços familiares, religiosos,
de tradição e costumes, sendo completamente autônomos em relação ao problema da
divisão social do trabalho, que não interferiria nos mecanismos de constituição
da solidariedade. Para ele, a consciência coletiva exerceria todo o seu poder
de coerção sobre os indivíduos, uma vez que aqueles laços os envolviam em uma
teia de relações próximas que acentuavam o controle social direto por parte da
comunidade.A solidariedade orgânica se manifestaria, por sua vez, de modo
inteiramente diferente da mecânica. Própria da sociedade capitalista moderna,
em função direta da divisão acelerada do trabalho, que nessa sociedade
exerceria influência decisiva em todos os setores da organização social,
levaria os indivíduos a se tornarem interdependentes entre si, garantindo a
constituição de novas formas de unidade social no lugar dos antigos costumes,
das tradições ou das relações sociais estreitas, que caracterizavam a vida
pré-moderna. Os antigos laços diretos da consciência coletiva se afrouxariam,
conferindo aos indivíduos maior autonomia pessoal e cedendo espaço aos
mecanismos de controle social indiretos, definidos por sistemas e códigos de
conduta consagrados na forma da lei.
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