Analise o texto apresentado abaixo:
1964
“Diante de qualquer reportagem ou editorial que lhes desagrade, é frequente que aqueles que se sintam contrariados lembrem que O GLOBO apoiou editorialmente o golpe militar de 1964.
A lembrança é sempre um incômodo para o jornal, mas não há como refutá-la. É História. O GLOBO, de fato, à época, concordou com a intervenção dos militares, ao lado de outros grandes jornais, como “O Estado de S.Paulo”, “Folha de S. Paulo”, “Jornal do Brasil” e o “Correio da Manhã”, para citar apenas alguns. Fez o mesmo parcela importante da população, um apoio expresso em manifestações e passeatas organizadas em Rio, São Paulo e outras capitais. (...)
Naquele contexto, o golpe, chamado de “Revolução”, termo adotado pelo GLOBO durante muito tempo, era visto pelo jornal como a única alternativa para manter no Brasil uma democracia. Os militares prometiam uma intervenção passageira, cirúrgica. Na justificativa das Forças Armadas para a sua intervenção, ultrapassado o perigo de um golpe à esquerda, o poder voltaria aos civis. Tanto que, como prometido, foram mantidas, num primeiro momento, as eleições presidenciais de 1966.
O desenrolar da “revolução” é conhecido. Não houve as eleições. Os militares ficaram no poder 21 anos, até saírem em 1985, com a posse de José Sarney, vice do presidente Tancredo Neves, eleito ainda pelo voto indireto, falecido antes de receber a faixa.
Com base na análise do editorial publicado pelo jornal O Globo, que reconhece o apoio editorial ao golpe de 1964, classificando-o como um erro, é correto somente afirmar que:
O jornal não tem qualquer constrangimento em admitir a colaboração do veículo com a ditadura, uma vez que o cenário político era outro e essa parecia ser a melhor conduta.
A revolução apoiada pelo jornal O Globo visou trazer ao poder o presidente Tancredo Neves, eleito indiretamente em 1985.
Juntamente com o jornal O Globo, O Estado de S.Paulo, a Folha de S.Paulo, o Jornal do Brasil e o Correio da Manhã também admitiram o seu apoio ao golpe de 1964.
O apoio do jornal O Globo nunca foi percebido pelos leitores em função da habilidade editorial dos seus jornalistas.
A substituição do termo “golpe” por “revolução” esclarece um artifício linguístico utilizado no gênero notícia para legitimar veladamente o posicionamento do editorial de um jornal.