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uma poesia sobre "100 anos de vinicius de moraes"



Sagot :

Ternura

Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor
seja uma velha canção nos teus ouvidos
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentando
Pela graça indizível
dos teus passos eternamente fugindo
Trago a doçura
dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer
que o grande afeto que te deixo
Não traz o exaspero das lágrimas
nem a fascinação das promessas
Nem as misteriosas palavras
dos véus da alma...
É um sossego, uma unção,
um transbordamento de carícias
E só te pede que te repouses quieta,
muito quieta
E deixes que as mãos cálidas da noite
encontrem sem fatalidade
o olhar estático da aurora.

O espectro da rosa Montevidéu

Juntem-se vermelho 
Rosa, azul e verde 
E quebrem o espelho 
Roxo para ver-te 

Amada anadiômena 
Saindo do banho 
Qual rosa morena 
Mais chá que laranja. 

E salte o amarelo 
Cinzento de ciúme 
E envolta em seu chambre 

Te leve castanha 
Ao branco negrume 
Do meu leito em chamas.