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Sagot :
HAICAI: a simplicidade da poesia japonesa
(Neide Medeiros Santos- Crítica literária FNLIJ/PB)
Uma folha morta.
Um galho no céu grisalho.
Fecho a minha porta.
(Guilherme de Almeida)
O haicai é um pequeno poema de origem japonesa. Por sua simplicidade de linguagem e de estrutura, tem ampla aceitação entre as crianças. É formado por três versos que perfazem dezessete sílabas, sendo o primeiro com cinco, o segundo com sete e o terceiro com cinco sílabas.
Matsuo Bashô (1644-94), poeta japonês, é considerado o grande divulgador do haicai. Era filho de samurai, mas renunciou à sua classe social e tornou-se um monge andarilho e poeta. Seus poemas, sempre ligados à natureza, se caracterizam pela humildade e revelação das coisas mais simples da vida. No decorrer de sua vida, Bashô teve inúmeros discípulos que procuraram seguir as lições do mestre. Atualmente está havendo uma valorização muito grande dessa modalidade poética.
Em 2009, dois livros de haicais para crianças e jovens foram finalistas do Prêmio Jabuti – “No risco do caracol” (2º. lugar/infantil) de Maria Valéria Rezende e “Conversa de passarinhos”, (finalista juvenil) de Alice Ruiz e Maria Valéria Rezende.
Para o público juvenil, a Companhia Das Letras publicou “Boa Companhia. Haicai.” (2009), organização, seleção e introdução de Rodolfo Witzig Guttilla. Monteiro Lobato, em 1906, escreveu no “Minarete”, pequeno jornal de Pindamonhangaba, interior de São Paulo, o artigo “A Poesia Japonesa”. O texto veio acompanhado de seis haicais de Bashô traduzidos por Lobato que, pioneiramente, introduziu o haicai no Brasil.
Em 18 de junho de 1908, aportou, em Santos, o navio Kasato Maru, trazendo a bordo 781 imigrantes japoneses. Entre os imigrantes, vinha o poeta Shûhei Uetsuka (1876-1935) que, momentos antes do navio atracar, escreveu este haicai:
a nau imigrante
chegando: vê-se lá no alto
a cascata seca.
A seleção e introdução de Rodolfo Guttilla contêm fatos que desconhecíamos. Além de apresentar Monteiro Lobato como o introdutor do haicai no Brasil, ficamos sabendo que Manuel Bandeira traduziu inúmeros poemas de Bashô, mas só compôs em sua longa trajetória poética, um único haicai. Érico Veríssimo também incursionou por este gênero poético. Carlos Drummond de Andrade e Millôr Fernandes deram um tom jocoso a esta modalidade poética.
O livro organizado por Guttilla traz uma esclarecedora introdução histórica sobre o haicai no Japão e seus desdobramentos no Brasil. Aqui o haicai adquiriu tons locais e certa dose de humor. Cyro Armando Catta Preta cunhou o neologismo “poemirim” para nomear o haicai e hoje inúmeros poetas exercitam sua veia poética compondo esses pequenos poemas.
24 poetas estão presentes na seleção de Guttilla. Após a transcrição dos haicais, segue-se uma breve biografia dos autores selecionados. Guttilla é também haicaísta, mas só nas últimas páginas do livro ousa transcrever um poema de sua lavra.
Além do haicai, há outra modalidade poética utilizada no Japão que encontrou adeptos no Brasil – é o “tanka”, poema, também, marcado pela simplicidade. É formado por 31 sílabas (cinco versos).
O poeta Cloves Marques – ALANE e UBE/PE – é exímio na arte de compor “tankas” e haicais e já publicou vários livros utilizando-se de haicais e tankas. De Cloves Marques obtivemos essas informações: “O Hino Nacional do Japão é um notável exemplo de tanka. A família imperial japonesa realiza anualmente (no início do ano) uma reunião cerimoniosa em que o imperador, a imperatriz, príncipes e princesas apresentam seus tankas.” Compor tankas no Japão é um exercício poético que envolve até a família imperial.
Na Paraíba, o poeta Saulo Mendonça se destaca na arte de compor haicais. Em seus últimos lançamentos literários contou com o apoio da Associação de Cultura Japonesa da Paraíba. “Pirilampo”, edição bilíngue – português/espanhol, foi bem recebido pela crítica. Além do livro “Boa Companhia. Haicai” indicamos “Pirilampo” para aqueles que desejam conhecer um pouco mais da técnica do haicai.
(Neide Medeiros Santos- Crítica literária FNLIJ/PB)
Uma folha morta.
Um galho no céu grisalho.
Fecho a minha porta.
(Guilherme de Almeida)
O haicai é um pequeno poema de origem japonesa. Por sua simplicidade de linguagem e de estrutura, tem ampla aceitação entre as crianças. É formado por três versos que perfazem dezessete sílabas, sendo o primeiro com cinco, o segundo com sete e o terceiro com cinco sílabas.
Matsuo Bashô (1644-94), poeta japonês, é considerado o grande divulgador do haicai. Era filho de samurai, mas renunciou à sua classe social e tornou-se um monge andarilho e poeta. Seus poemas, sempre ligados à natureza, se caracterizam pela humildade e revelação das coisas mais simples da vida. No decorrer de sua vida, Bashô teve inúmeros discípulos que procuraram seguir as lições do mestre. Atualmente está havendo uma valorização muito grande dessa modalidade poética.
Em 2009, dois livros de haicais para crianças e jovens foram finalistas do Prêmio Jabuti – “No risco do caracol” (2º. lugar/infantil) de Maria Valéria Rezende e “Conversa de passarinhos”, (finalista juvenil) de Alice Ruiz e Maria Valéria Rezende.
Para o público juvenil, a Companhia Das Letras publicou “Boa Companhia. Haicai.” (2009), organização, seleção e introdução de Rodolfo Witzig Guttilla. Monteiro Lobato, em 1906, escreveu no “Minarete”, pequeno jornal de Pindamonhangaba, interior de São Paulo, o artigo “A Poesia Japonesa”. O texto veio acompanhado de seis haicais de Bashô traduzidos por Lobato que, pioneiramente, introduziu o haicai no Brasil.
Em 18 de junho de 1908, aportou, em Santos, o navio Kasato Maru, trazendo a bordo 781 imigrantes japoneses. Entre os imigrantes, vinha o poeta Shûhei Uetsuka (1876-1935) que, momentos antes do navio atracar, escreveu este haicai:
a nau imigrante
chegando: vê-se lá no alto
a cascata seca.
A seleção e introdução de Rodolfo Guttilla contêm fatos que desconhecíamos. Além de apresentar Monteiro Lobato como o introdutor do haicai no Brasil, ficamos sabendo que Manuel Bandeira traduziu inúmeros poemas de Bashô, mas só compôs em sua longa trajetória poética, um único haicai. Érico Veríssimo também incursionou por este gênero poético. Carlos Drummond de Andrade e Millôr Fernandes deram um tom jocoso a esta modalidade poética.
O livro organizado por Guttilla traz uma esclarecedora introdução histórica sobre o haicai no Japão e seus desdobramentos no Brasil. Aqui o haicai adquiriu tons locais e certa dose de humor. Cyro Armando Catta Preta cunhou o neologismo “poemirim” para nomear o haicai e hoje inúmeros poetas exercitam sua veia poética compondo esses pequenos poemas.
24 poetas estão presentes na seleção de Guttilla. Após a transcrição dos haicais, segue-se uma breve biografia dos autores selecionados. Guttilla é também haicaísta, mas só nas últimas páginas do livro ousa transcrever um poema de sua lavra.
Além do haicai, há outra modalidade poética utilizada no Japão que encontrou adeptos no Brasil – é o “tanka”, poema, também, marcado pela simplicidade. É formado por 31 sílabas (cinco versos).
O poeta Cloves Marques – ALANE e UBE/PE – é exímio na arte de compor “tankas” e haicais e já publicou vários livros utilizando-se de haicais e tankas. De Cloves Marques obtivemos essas informações: “O Hino Nacional do Japão é um notável exemplo de tanka. A família imperial japonesa realiza anualmente (no início do ano) uma reunião cerimoniosa em que o imperador, a imperatriz, príncipes e princesas apresentam seus tankas.” Compor tankas no Japão é um exercício poético que envolve até a família imperial.
Na Paraíba, o poeta Saulo Mendonça se destaca na arte de compor haicais. Em seus últimos lançamentos literários contou com o apoio da Associação de Cultura Japonesa da Paraíba. “Pirilampo”, edição bilíngue – português/espanhol, foi bem recebido pela crítica. Além do livro “Boa Companhia. Haicai” indicamos “Pirilampo” para aqueles que desejam conhecer um pouco mais da técnica do haicai.
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