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O q seria a fragmentação de saberes? E qual seria a diferença entre ele e o pensar filosófico?



Sagot :


Este assunto não poderia ser melhor tratado do que sob uma ótica crítica da filosofia em seu sentido estrito, que a saber, hoje trata ainda daqueles assuntos que não estão situados em campos já “categorizados” do conhecimento humano, por assim dizer. 
Como é de nosso conhecimento, as ciências humanas advêm do escopo “unitário” que foi outrora a filosofia em um amplo sentido de pesquisas, fossem elas metafísicas, ontológicas, políticas ou sociais, assim como o conceito de sociologia ter ganho fôlego no positivismo de Auguste Comte, ou mesmo com Weber, Durkeihm ou Marx (este vaticinou o fim da filosofia). 
Os pré-socráticos como os da escola de Mileto, denominados como os primeiros físicos, caminhavam rumo ao que hoje se vê como fragmentos das ciências.
Penso que poderíamos dizer que hoje um dos maiores desafios da filosofia é ser “inspetora” das ciências. 
Em um sistema capitalista, dado seu viés que está restrito às aquisições e influências, o conhecimento do mundo, de sua evolução e descobertas, está diretamente relacionado com uma forma aprioristicamente não ética, nos remetendo à subordinação dos retentores do conhecimento. 
Penso que não podemos apenas culpar um sistema político para variar. A premissa de que o homem sofre eternamente com confluências externas a si mesmo apenas contribui ainda mais para que possíveis soluções viáveis para a “democratização” do conhecimento soem como utopia. 
O conhecimento em seu sentido “egoístico”, ou materialmente mesquinho, ou ainda por disputa de poder e de maior conhecimento a esmo, apenas contribui para o insucesso das empreitadas contra a atuação deletéria do homem frente à natureza, cura de doenças por parte daqueles que não comungam com o império farmacêutico,e soluções de pacificação de conflitos e estudos sociais postos realmente em prática. 
O medonho alvorecer que se ergue do conhecimento em sua forma mais ampla, não atende as demandas para a formação de um sujeito social mais critico mediante sua própria existência e o que de melhor proporcionar a ela.
Cito o fato de uma das ramificações científicas, que é a astronomia, refutar pressupostos metafísicos em filosofia e ao mesmo tempo operar com teorias apriorísticas acerca do incognoscível, como as teorias primeiras e finais. Quem dirá da seleção genética ou mesmo da clonagem. Parâmetros estes que jamais podem fugir do debate filosófico mediante o homem já sucumbido pela crença verdadeira e engolfado pelo capitalismo ensurdecedor. 
É obvio que toda discussão e pesquisa a priori é boa, se aprende muito, se contribui muito, mas isto não é operado em uníssono, e sim como uma maratona em que o prêmio em si não justifica os meios de obtê-lo. 
O que preocupa é o ser humano no futuro com a perda de sua própria identidade, fato que adicionado a uma “escola” que corrobora com os mandatários que preconizam os ditames dos saberes, somente contribui para que afundemos cada vez mais nesta viagem da razão mediante as ilusões de si própria. 
Parafraseando Boécio, em sua obra “A consolação da filosofia”, esta ainda é esperança para um futuro no qual ela ainda se mantenha em um patamar de inspeção e crítica dos sabe
Penso que podemos dizer que um filósofo em especial se “rebelou” contra os ditames científicos. Nietzsche vaticinou os grandes problemas da pós-modernidade, em especial que o homem deixou para trás aqueles instintos que protegem a vida, e nisto podemos incluir que hoje o conhecimento é ultra relativizado, fragmentado, e que não alcança sua união em seu bojo único e interdisciplinar.
Os pensamentos de Nietzsche sobre a investigação científica são tão desafiadores quanto a sua visão sobre a moral e religião. A ciência, como um “valor absoluto”, como uma nova religião ao qual nos prostramos, para nossa era sem Deus, é fortemente criticada pelo alemão. 
Se perguntarmos, dentro de um escopo de cientificismo, “bondade com que fim?”, também devemos perguntar “conhecimento com que fim?”
Podemos dizer que os cientistas muito frequentemente se conduz como um servo do conhecimento, e sendo eles os novos ditames para uma prole órfã, os demais retentores do saber que atuam ao bel prazer de suas necessidades próprias também não visam as necessidade do coletivo. Ao invés de sermos servos do conhecimento, deixemos que o conhecimento seja o servo do homem.
Segundo ainda Nietzsche, existem muitas coisas que não desejaríamos conhecer. A sabedoria impõe um limite ao conhecimento também. 
Se ignorarmos este aviso de Nietzsche, nos tornaremos viciados em conhecimento também, com terríveis conseqüências. Ele cita: “O fato de que a ciência, como a praticamos hoje, seja possível prova que os instintos elementares que protegem a vida deixaram de funcionar. Qualquer verdade que ameaça a vida não é uma verdade, é um erro”
A filosofia ainda é esperança quando esta nos remonta aos seus pilares integrados de outrora, quando as questões ontológicas reverberavam em discussões amplas acerca do potencial humano, do sujeito e da oposição ao descrédito humano e niilismo em que nos encontramos atualmente. 
Quanto às ciências em particular, que é objeto desta minha crítica, ela tem uma forma maior do que realmente é. Dentro de um contexto de irracionalidade e indolência contemporânea, serão poucos ou nenhum aqueles que insurgirão contra os que mascaradamente atentam contra a vida, e que inculcam em nossas mentes que a vida longa e perfeição do corpo, mesclados com a subordinação irracional do homem frente os disfarçados mandatários dos ditos sociais, são de fato parte da fragmentação hedonista dos saberes que não se intercomunicam.
E já que o assunto é escola também, nesta o conhecimento a priori de que algo está em desarmonia com os “conhecimentos” não se passa pela cabeça, por mera questão de proveito próprio de todas as partes.