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Sagot :
Militante peronista, em outubro de 1977, Graciela Daleo foi seqüestrada por repressores da Escola de Mecânica da Armada, ESMA, o maior campo de concentração da Argentina, onde esteve até 1979. É uma, dentre os cerca de 150 sobreviventes da ESMA, onde se registra a passagem de cerca de 5000 pessoas, a maioria desaparecida. Exilou-se na Venezuela e na Espanha, onde se integrou a agrupações políticas de solidariedade com povos latino-americanos. Retornou à Argentina em maio de 1984 e, desde então, participa ativamente da luta contra a impunidade, identificando os responsáveis pelas atrocidades – como é o caso de Cavallo -, sendo testemunha em processos judiciais nacionais e internacionais que responsabilizam torturadores e genocidas, como no caso de Adolfo Scilingo na Espanha, e no recente julgamento na Argentina de Héctor Febres, seqüestrador, torturador, e expropriador de bebês que nasceram em cativeiro. Como represália a estas denúncias Graciela, várias vezes processada, foi presa em 1988 por três meses. Em 1989 lhe foi imposto um indulto com que o então presidente Menem pretendia não só tornar impunes os ditadores, mas igualar os opositores ao regime militar com os genocidas. Por razões éticas, morais e políticas, rechaçou o indulto, o que fez com que reabrissem as perseguições judiciais. Por este motivo exilou-se no Uruguai e voltando à Argentina em 1995, incorporou-se à Associação de Ex-Detenidos Desaparecidos, organismo ao qual pertenceu até 2006. Contestando a lei da Obediência Devida e a do Ponto Final - leis de anistia aos repressores que por força da pressão social foram anuladas - Graciela enfrentou os tribunais afirmando que na Argentina não havia repressores de primeira, segunda e terceira categorias e sim a co-responsabilidade entre os membros das Forças Armadas, das polícias, dos empresários, da cúpula da Igreja, de setores do sindicalismo, de setores políticos. Como sobrevivente,Graciela tem afirmado que os repressores mantiveram alguns poucos opositores vivos, não por um ato de bondade, mas para semear o terror e multiplicá-lo através do silêncio ou da fala de alguns poucos. Ao permitirem que poucos vivessem, tinham como propósito disseminar os horrores praticados nos 500 campos de concentração no país, onde ocorreram as práticas mais perversas de tortura, morte e desaparecimento. Mas esta perversa intenção tem sido subvertida: os sobreviventes, a partir de uma postura militante, têm possibilitado a divulgação do que aconteceu na época, a identificação e o julgamento de muitos deles.
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